Mato Grosso do Sul intensifica ações de prevenção contra a gripe aviária, com foco na agricultura familiar 1n435o

Em resposta ao recente caso de gripe aviária (H5N1) registrado em uma granja comercial de Montenegro/RS, órgãos públicos e instituições de pesquisa de Mato Grosso do Sul uniram forças para reforçar as medidas preventivas no estado. A Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), a Embrapa Pantanal e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) atuam em conjunto com foco especial na biossegurança e na educação sanitária voltada à agricultura familiar.

As ações incluem oficinas, capacitações, visitas técnicas, ree de informações e incentivo à vigilância participativa, com o objetivo de orientar pequenos produtores sobre práticas de biosseguridade — principalmente em regiões de fronteira e comunidades onde a avicultura de subsistência é comum.

A zootecnista Thainara Rocha, da Agraer, ressalta que o agricultor familiar é peça-chave na detecção precoce da doença. “O produtor é muitas vezes o primeiro a notar alterações no comportamento das aves. Para que ele seja um aliado no enfrentamento da gripe aviária, precisa entender as recomendações técnicas e suas justificativas”, afirma.

Ela explica que, em muitas pequenas propriedades, as aves vivem soltas e sem proteção contra contato com animais silvestres, o que aumenta significativamente o risco de contaminação. “Caso haja um foco confirmado, a contenção exige o sacrifício dos animais, e os prejuízos afetam duramente os pequenos produtores, que geralmente não têm estrutura para lidar com esse tipo de perda”, alerta.

Para fortalecer a resposta preventiva, a Agraer tem intensificado a capacitação dos seus técnicos. Em março, eles foram treinados em práticas de biossegurança para criações de pequeno porte. Em junho, será realizada nova capacitação, desta vez com foco exclusivo na gripe aviária, com apoio técnico da Embrapa Pantanal e alinhamento às diretrizes da Iagro.

Os produtores também podem recorrer aos canais de atendimento da Iagro — como escritórios regionais, site e redes sociais — para tirar dúvidas e reportar qualquer suspeita. Os técnicos da Agraer, pela sua capilaridade no interior do estado, atuam como ponte entre os agricultores e os órgãos de defesa sanitária.

Diferença entre biossegurança e biosseguridade
Janine Ferra, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Iagro, explica que biosseguridade e biossegurança são conceitos complementares, mas distintos. “A biosseguridade envolve a estrutura da propriedade — como cercas, telas, controle de o e descarte adequado de resíduos. Já a biossegurança se refere à proteção do operador, com o uso de equipamentos de proteção individual. Ambas são essenciais para evitar a entrada e a propagação de doenças”.

Segundo Janine, em caso de suspeita, o produtor deve isolar imediatamente as aves com sinais clínicos e acionar a Iagro, que deve atender em até 12 horas. Entre os sintomas que merecem atenção estão alterações neurológicas, inchaço, coriza, diarreia, dificuldade respiratória, hemorragias e mudanças na coloração da crista.

Educação sanitária e pesquisa científica
A Embrapa Pantanal também participa da iniciativa como parceira estratégica. A pesquisadora Raquel Juliano destaca que a educação sanitária é essencial para prevenir surtos. “A gripe aviária não ameaça apenas os animais, mas também a segurança alimentar das famílias que dependem deles para subsistência”, alerta.

A instituição atua sob o conceito de Saúde Única (One Health), que integra a saúde animal, humana, vegetal e ambiental. Por meio do projeto “Aves de quintais para uso alimentar e artesanal”, financiado pela Fundect, são promovidas ações educativas em escolas, comunidades e com grupos de mulheres — principais cuidadoras das aves em muitas regiões.

“Estamos produzindo materiais técnicos em parceria com a Agraer e a Iagro, além de buscar a formação de multiplicadores entre técnicos e lideranças rurais, para garantir que a informação chegue de forma clara e ível a todas as propriedades, independentemente do tamanho do plantel”, explica Raquel.

A meta é fortalecer a vigilância ativa nas pequenas propriedades e comunidades tradicionais e indígenas, estimulando o senso de responsabilidade coletiva para prevenir e conter possíveis focos da doença.

Resiliência e proteção no campo
Com essa articulação interinstitucional, Mato Grosso do Sul se prepara para responder de forma rápida e eficiente diante de qualquer sinal de gripe aviária. A estratégia visa não apenas proteger os plantéis e a produção rural, mas também garantir a saúde das famílias e o abastecimento alimentar tanto no campo quanto nas cidades. (Com informações Comunicação Agraer).

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